trenzinmalado
Conversei com MC Papo para saber dele sobre a trajetória dos bailes, boates, discotecas e fluxos de rua em Belo Horizonte.
Seu primeiro contato foi pelas ruas do Jardim Leblon e Copacabana em Venda Nova, Belo Horizonte. Por volta dos cinco anos já ouvia o álbum 'Rap Brasil, vol. 2'.
Segundo MC Papo era um momento de chegada do 'miami' no país, junto do freestyle que muitos aqui conhecem como funk melody, era a época do "Rap da espuma, da felicidade, do gorila, do festival" que estavam tocando.
Dos 14 para os 15 anos de idade começou a ir nos bailes, o Vilarinho, Sambola e os eventos em Santa Luzia que a equipe Turbilhão, da qual fazia parte organizava.
Papo ainda lembra da existência de mais equipes de som como a SkyMix e a Treme Terra.
“A graça era ir nos baile conhecido”
O funk era praticamente exclusivo da Zona Norte de BH, ou seja, as regionais Norte, Pampulha e Venda Nova, mas também as cidades da região metropolitana, Vespasiano, Santa Luzia e Ribeirão das Neves. Embora existisse também a galera da regional Noroeste que ia na boate Phoenix.
"Quem ia na Vilarinho ia na Vilarinho, quem ia na Phoenix ia na Phoenix, por ser longe apenas. "
Mãe dos Pobres, Piratininga, Venda Nova
Bispo de Maura, Ribeirão das Neves
Funil, Jardim Leblon, Venda Nova
Favela do Índio, Santa Mônica, Venda Nova
Quadras do Vilarinho, Venda Nova
Boate Seven, Santa Mônica, Venda Nova
Mega Space, Distrito Industrial II, Santa Luzia
Fortaleza, Maria Helena, Venda Nova
Máscara Negra, rua Curitiba, 482
Legenda
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Bwana, rua Tomé de Souza, 1145, Savassi
Aglomerado da Serra
Phoenix, Rua Padre Eustáquio, 2545
Mix House, Santa Efigênia
Invasão do centro foi por volta de 2006, quando a novela América da TV Globo auxiliou na explosão do funk enquanto gênero nacional. Papo e a cena não acreditavam que poderia durar então se jogaram e aproveitaram para garantir o máximo de sucesso possível naquilo que parecia ser uma febre.
As discotecas do centro foram ocupadas, Cocobongo, MixHouse, Buana, e a cena que estava concentrada na Zona Norte se espalharia pela cidade.
Assim, as grandes favelas próximas à Serra do Curral adotaram também o funk, era a vez do Aglomerado da Serra, Morro do Papagaio, Morro das Pedras. Esse movimento se deu posteriormente segundo Papo, por não ser costume atravessar a cidade para ir rumo a Vilarinho.
Os bailes que até então eram para 100, 200 pessoas passaram a lotar com milhares de presente e pouco tempo mais tarde, com a explosão do funk ostentação em São Paulo, seria a vez desses espaços serem o palco de uma nova transformação, a consolidação da rua como o lugar do funk. As equipes de som aos poucos começaram a dar lugar para os carros enfileirados cada um tocando sua música.
Papo afirma algumas diferenças entre a Zona Norte e as favelas mais próximas do centro, como quando ressalta que “O Índio é o menor PIB de Belo Horizonte” ou quando diferencia que “Lá, a favela não é periferia, é favela, não é periferia, os cara do Papagaio atravessa a rua e está na Raja. Pegam todos os trampos bons primeiro pela proximidade”.
Cocobongo, Barro Preto
MC Papo
"trenzinmalado" é um projeto relíquia para o funk de Belo Horizonte
feito por Pedro da Maura
Nas favelas da Zona Sul, onde existe maior proximidade com os bairros nobres os bailes começaram a acontecer para muita gente, duas mil pessoas, três mil pessoas, ainda com equipe de som.
O fluxo de rua começa a ganhar força segundo Papo porque o mineiro sempre foi doido com som automotivo e assim abraça esse movimento e os bailes de rua passam para um outro patamar.
Mesmo com a repressão policial os bailes continuam acontecendo e o movimento que parecia só uma febre hoje roda listas de lugares para os finais de semana, são quase 20 bailes a partir da sexta-feira quando começam as divulgações do eventos gratuitos nas favelas de Belo Horizonte e região metropolitana.
Se tratando do aspecto das trocas culturais, Papo inclusive ressalta que o funk no Brasil foi um dos exemplos dos latinos tentando fazer o rap dos EUA, se no Brasil ao tentar fazer rap virou funk, no Caribe essa mesma tentativa originou o reggaeton.